Quando crianças adoramos testar nossos limites. Sozinhos nos imaginamos heróis, capazes de vencer qualquer obstáculo ou inimigo imaginário. Tentamos vencer a força do mar que avança sobre nossos castelos de areia. Outras vezes, pelejamos para atravessar um pequeno riacho sobrepujando a força das águas. A cada pequena vitória, nossos olhos não estão sobre o universo, mas sobre nossas impressões sobre nossa aparente conquista.

Enquanto crescemos nossa competitividade continua aumentando. Tentamos vencer até o que não pode ser vencido. Mas, será que conseguimos evitar que as grandes forças das coisas que foram criadas nos vençam? Conseguimos ter o controle sobre a nossa própria existência? Dominamos os grandes sentimentos que experimentamos em nossa história? Pense por um pouco: quantos momentos você já experimentou em que estivesse explodindo de alegria? Quantas foram as circunstâncias em que os ribeiros da alegria acabaram inundando o seu ser? O fato é que, o que nos torna humanos é nossa falta de controle sobre as circunstâncias. No mundo, muitas pessoas nunca experimentarão um momento de intensa alegria durante toda a sua existência. Elas viverão vidas tão duras e destituídas das cores que alegram a nossa realidade que diríamos que elas nunca foram felizes. Por esta razão, concordo com aqueles que dizem que o sofrimento nos une com aquilo que é universal nos seres humanos. Quando escrevemos sobre o sofrimento nos aproximamos da imensa população mundial. Ao passo que, quando falamos de uma alegria que não cabe em nós, estamos nos referindo a um indivíduo num momento singular de sua existência. Por isto fui levado a pensar sobre esta expressão – deleita-te no Senhor. Enquanto pensava sobre a exiguidade de sentimentos intensos de alegria, procurava encontrar a fonte de uma alegria que pudesse ser mais inesgotável do que as alegrias que eu pude conhecer. Gozo, deleite é plenitude de alegria. Mas como encontrar esta plenitude, quando o tempo todo sentimos que nosso café está misturado com substâncias estranhas que lhe retiram o sabor? Como estar pleno quando nos sentimos constantemente insatisfeitos? Onde mora este contentamento que exala felicidade e que não seca diante das agruras da rotina de um cotidiano insaciável? Como pai, eu me divirto em ver meu filho satisfeito diante de seus pequenos brinquedinhos que falam e andam através de sua imaginação. Divirto-me em vê-lo feliz pelas pequenas alegrias que posso oferecer. Entretanto, todos os dias, ele acorda assim como eu procurando novas alegrias, alegrias que eu não sou capaz de lhe oferecer. Por mais que eu me esforce, não posso fazê-lo completamente feliz. Por isto, desde cedo, eu entendi que meu pequeno filho tem um Pai que cuidará dele como eu nunca serei capaz de cuidar. Da mesma forma, Deus, seu Pai pode fazê-lo feliz. Para executar esta tarefa, Ele não precisará lhe oferecer o brinquedinho de sua escolha. Ele não irá te oferecer a última moda de relacionamento passageiro. Não criará para você um corpo à prova de balas e de terríveis doenças. Ele resolveu oferecer o que tinha de mais precioso: Seu único filho, Jesus, o Redentor. Ele permitiu que Seu filho fosse ferido para que a enfermidade da solidão, da tristeza de alma, da insaciedade de nossa busca por ser completos encontrasse resposta n’Ele. A alegria é o próprio Deus. A alegria se expressa na compreensão da grandiosidade do sentimento de pertencer a Ele. Este sentimento espiritual tomará conta de quem você é, de uma forma indescritível, como se o universo resolvesse morar em seu coração, como se o mar penetrasse seus olhos, como se a luz das estrelas fosse morar nos seus pés.

Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade. Hebreus 11.14-16

Eli Moreira

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