Nunca houve uma votação, mas talvez eles fossem a família que recebesse o maior apreço por parte de toda a vizinhança. Além de serem muito prestativos e carinhosos para com cada novo morador, eles também eram muito respeitados. Muitos olhavam para eles e queriam ter uma família como a deles. Filhos obedientes e bem vestidos. Marido e mulher com sorrisos nos lábios e boas palavras na boca. Tudo era bonito de se ver do jardim até o quintal.

A trajetória ladeira abaixo repleta de desesperança porque a cada momento, perdemos os companheiros de jornada. Afinal de contas, quem deseja ser companheiro de alguém que está rumando para o desastre? Quem deseja ser visto com aquele que é sempre vencido? Quem se dispõe a se envolver com planos que nunca serão concluídos de maneira satisfatória? Ainda que as pessoas que nos rodeiam não acreditem que sejamos capazes de mudar a nossa trajetória da derrota para a vitória, seus olhos de compaixão ou reprovação são uma armação inegável. E se restar alguma dúvida sobre o que os outros pensam nestes momentos, aquelas pessoas que tem menos cuidado com o que falam, amarão o que os outros não tiveram coragem de dizer. Você é um derrotado! As trevas estão ao seu redor. Sua vida sempre será o vale. Você nunca atingirá as montanhas. Deus o abandonou! Até a religião do nosso tempo baniu de seus templos aos desafortunados. Eles não tem lugar para suplicar por ajuda. Os templos abrem seus microfones para conquistadores de recursos deste mundo. Os templos reservam destaque para gente que enfrentou os vales e alcançou os platôs, onde passaram a enxergar o horizonte: a visão do futuro, cercados de tudo que existe de melhor. Ninguém quer ser visto com os fracassados que não conseguiram vencer os vales em direção a vitória. Os vales são a prova de que Deus os abandonou? Foram deixados para trás! Quando eu leio as palavras bíblicas de que o meu pastor estará comigo ainda que seja nos vales, o meu coração se enche de esperança. Ele não é o somente o pastor dos melhores momentos. Ele não habita somente na luz, habita com os abatidos de espírito, com os que se encontram quebrantados, cheios de sombra em suas almas. No pastoreio existem momentos em que os inimigos que habitam os vales, planejam devorar as ovelhas indefesas, nestas ocasiões o pastor se apresenta para socorrê-las com seu poder, através do seu bordão. O bordão é feito de madeira, tendo sua extremidade abaulada no formato de um bastão abaulado em sua extremidade, com o objetivo de tontear ou matar os predadores das ovelhas. Toda vez que o rebanho olha para aquele apetrecho de pastor, ele sabe que o pastor dará sua vida por elas. Ele se arriscará e não as deixará para trás nos piores momentos. Elas são suas ovelhas, o objeto do seu amor. As sombras, os inimigos, a incompletude não atinge ao coração do Supremo pastor. Ele sabe quais planos traçou para suas ovelhas. O cajado em forma de um ponto de interrogação é a afirmação de que Deus reconduzirá suas ovelhas para a trajetória de ascensão em direção à Sua presença. Os vales de sombra e morte são a grande oportunidade de experimentar o grande amor do pastor que deu sua vida pelas ovelhas: Jesus Cristo, que morreu pelos nossos pecados, para que saibamos que ele ama a todos que se perderam na escuridão de seus enganos. Sua morte nos traz de volta para o platô de Seu plano de nos levar para morar em sua casa feita de portas de bondade e janelas de misericórdia.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam. Salmos 23:4

Eli Moreira


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